sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

"Batem leve... levemente..."

"... como quem chama por mim... Será chuva? será gente? Gente não é certamente, e a chuva não bate assim. Fui ver. A neve caía, do azul cinzento do céu, branca e leve, branca e fria. Há quanto tempo não a via!... e que saudades, Deus meu!..."
Faz lembrar a madeira fria das cadeiras da Escola Primária. Edifícios iguais espalhados pelo país, campos de futebol com chão de terra, árvores, tapetes de folhas castanhas, e casas-de-banho mal cheirosas. Havia sempre uma mulher a vender guloseimas logo à saída do portão, na berma da estrada. Dona Cassilda. Sim, era esse o nome que povoava os nossos devaneios na sala de aula, a barriga a doer com vontade de ouvir a campainha... Uma das mais apreciadas era o saco de "pipas" - sementes de girassol torradas e ligeiramente salgadas, envoltas na casca original, a ser retirada com mãos ou dentes, conforme a pericia do "comedor"! Nunca hei-de esquecer as sábias palavras inscritas no saco de pipas: "Y dijo el toro al morir: Siento dejar este mundo sin probar pipas Facundo!". Podia ver-se o animal, no meio do campo de touros, prestes a ser sacrificado por um toureiro vestido a rigor. Sim. As pipas vinham do lado de lá da fronteira, assim como 90% de todas as guloseimas, desenhos animados e brinquedos que povoaram a minha infância!... o que me proporciona alguma vantagem competitiva nestes Estados Unidos cada vez mais hispânicos.

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