segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Que atire a primeira pedra

Emagrecer ou não, eis a questão.
Barriga lisa... ou cheia, roliça? Perna torneada... ou doce e suculenta "Baklava"?
Bem. Deixemo-nos de rimas e mergulhemos a fundo na questão.
É difícil comparar prazeres. Um reflexo no espelho saberá melhor que o bolo de chocolate daquele restaurante nepalês em Matosinhos? Será a descida de número de calças da Salsa o objectivo final? ou o olhar invejoso das que precisam de dois números acima? Será o medo da crítica o que nos motiva? E de quem?...
deles? delas?... ou de nós próprias?!
O assunto é sério e merece reflexão. Nada como uma fatia de "cheesecake" caseiro e um nespresso acabado de tirar para acompanhar tão árdua tarefa.
E quem não tiver um pneu que se veja, que atire a primeira pedra!

Há dias...

Há dia piores que outros. Começam mal, e acabam pior. Arrufo de namorados, nada de mais. Mas deixam um gosto amargo na pele, e azedam a alma...
Depois de um fim-de-semana a dois, sabem ainda pior. Destoam. Não combinam com a mobília nova do Ikea, nem com o jantar de sexta à noite. Tapas à boa moda de "nuestros hermanos", com direito a polvo, tortilha espanhola, e sangria!...
Há dias assim. Que destoam na sala de jantar castanha escura e bordeaux. Ficam mal ao lado da estátua de lava negra comprada na lua-de-mel. E não combinam com as jarras coloridas da tua avó.
Há dias...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Fazes-me mal

Fazes-me mal. Mesmo ao longe. Bem longe, por sinal. Como fazes? Como consegues? Não sei. Mas fazes-me mal. Como um mau-cheiro que atravessa paredes e entranha a casa. Fazes-me mal. O teu pessimismo é contagioso, e as tuas paranóias apertam-me a garganta e a alma. Fazes-me mal. A tua voz ecoa do outro lado do oceano, mas quase posso palpar a crítica, na minha orelha. Fazes-me mal. Despertas culpa e às vezes raiva. Turbilhão de emoções que se resumem a duas: Amor e Ódio. Sempre presentes desde que deixei de ver pelos teus olhos e pensar pela tua cabeça. Desde que caiste do pedestal e te tornaste humana, vulnerável, imperfeita. Desde que percebi que não consegues por-te no lugar do outro, que adivinhas más-intenções em tudo e mais alguma coisa, e que a culpa nunca (mas nunca mesmo)é tua. Desde que descobri o maléfico efeito da tua palavra favorita ("vergonha"), e do filtro negro com que vês a vida (tua e dos outros). Fazes-me mal. Não consigo evitar. Não consigo ignorar.
Fazes-me mal. E bem, também. Eu sei. Mas hoje, mais que ontem, fazes-me mal.

Escrever "gosto"

Porque será tão difícil dizer "gosto"? E até escrever. Soletrar. Murmurar. Gosto, sim, é verdade. Mas porque dói assim tanto?... Parece que arranca de dentro, dizer, escrever. Pensar até! dói e arde, no estomâgo, na alma. Dói e mói, e custa, e não consigo! tento, pego na caneta. Olho, outra vez. Não dá. Desisto. Vou escrever-te mais tarde, noutro dia, noutra vida. Noutra língua, talvez... Vou escrever-te, ou até dizer-te! Vou gritar alto e firme. É verdade! Não duvides. Mesmo que não ouças. mesmo que não leias. Mesmo que nunca to diga. É verdade, Mamã. Gosto muito, mesmo muito, de ti.

sábado, 7 de agosto de 2010

Montanha-russa

Enjôo, naúsea, desdém. Suja, feia e podre. Amarga por dentro, rota por fora. Espelho meu quantos dias, horas, semanas. Quantos mais?... Cansada e farta, avessa, trancada. Hoje, não. Amanhã, talvez. Depende do dia... hora? lugar?
Agora, feliz. Amanhã, não me vês... Parece magia, mentira ou doidice. Má-vontade, mimo. Parece maleita, maus ares, tolice. Parece não ter fim, solução ou remédio. Parece que o faço, controlo, decido. Que é minha culpa, vontade, opção. Hoje, abraçar-te. Amanha, não... Parece que vivo. Mas definho, sofro e mirro.

Queixar-se de barriga cheia...

Não me queixo, mas dói. Dói e mói. Rói entranhas, orgulho e decisão. Não percebo como pude, como fiz... Porquê?... Não pensei. Não parei. Dor de barriga e de alma. Desilusão. Dor de hoje e de ontem... Amanhã? Dor latente, à espera... De uma brecha, um sinal. Uma angústia, um momento - vazio, compulsivo, fatal... Tento encher-me de coisas, rápido, a fugir, sem sabor. Vergonha e culpa. Arrependimento. Dor. Igual a mim, fraca e torpe. Igual a mim, sem sentido, perdida por um fio. Dor estúpida, desnecessária. Depende de mim, afinal.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Copo meio vazio

É díficil controlar emoções. O que chateia nem sempre é proporcional ao efeito que produz.Depende da hora e do lugar, mas sobretudo do estado prévio. Pequenas pedras no sapato que moem, magoam, massam. Pequenas, ridículas... insignificantes quase! O Lonely Planet debaixo do braço, a curiosidade por conversas alheias e a foto no Muro de Berlim. O desejo não adivinhado, a surpresa que faltou, o champagne à temperatura ambiente, e os olhares suspeitos no supermercado. Pequenos, ridículos, quase insignificantes pedaços que faltam num puzzle QUASE perfeito. Perfeito em muito mais, e em mais importantes pedaços. Esses sim, grandes pedaços. Não pequenos, não ridículos, não insignificantes. Mas é dificil controlar emoções, dizer "Não ligues!". Olha para os grandes pedaços e esquece as pequenas, ridiculas, insignificantes pedras que teimam em parecer pedregulhos, rochedos monstros, intransponíveis. Pequenas, ridiculas, insignificantes... Pergunto-me porque sobressaem tanto neste copo meio vazio que às vezes chamo meu.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Quase 1 ano...

Quase 1 ano. Incrível. Passou rápido, o ano. Deve ser bom sinal, digo eu. A minha vida deu uma volta de 180 graus, mas o balanço é positivo! Sabe bem ter encontrado a "media naranja". Ambas as "metades" já duvidavam que isso fosse possível... Mas no meio de todos os cinzentos pinguins, a tua camisa havaiana sobressaiu! Ás vezes ainda penso "e se?". E se... eu não tivesse escolhido Austrália em vez de Londres? a Carmélia não me tivesse convencido a fazer aquela viagem ao "outback" australiano?não tivessemos coincidido na mesma "day tour"? não tivesse ficado furiosa por teres pago o nosso primeiro jantar? não tivesses voado até Melbourne e passado aquele fabuloso Sábado comigo? não me tivesses dado um beijo envergonhado na despedida?... Definitivamente, seria uma eminente Psiquiatra de sucesso (modéstia à parte), num T2 moderno e limpo, com uma gata obesa e uma empregada fenomenal, amigos com quem contar e família a 2 horas de autoestrada. Sim, seria. Feliz? Não sei. Só sei que passado uma semana e meia, sinto muito a tua falta. O sofá bordeaux não parece o mesmo sem ti, o comando da TV murmura o teu nome, e os meus pés gelados também. Fazes-me falta. Aqui.

23 de Julho de 1988

Fazia calor. Final de tarde típica de Verão. As escadas da casa de Mazedo descidas à pressa. "Tu ficas nos avós!", "Não, Papá! eu quero ir!!!". A teimosia é uma velha companheira, como vês. Não era birra, era mais uma "vontade forte", como se diz em inglês ("strong will"). Os 120 km que se seguiram foram vividos com excitação; e não estou a falar propriamente dos sinais vermelhos ignorados! Povoavas a minha imaginação, embora ainda sem rosto. Imaginava-te com laços no cabelo e um par de cromossomas X. É verdade!... A 3 dias de completar 11 anos, estava ainda naquela fase em que as raparigas não apreciam muito a companhia de miudos do sexo oposto.
A espera no corredor da Clínica da Trindade foi longa e dolorosa. Gemidos de dor faziam doer os ouvidos (e a alma...). Com o coração e o estômago apertados, esperava. Demoraste. Pelo menos, foi o que me pareceu. Mais tarde, a Mamã diria que não - ao que parece, foste bem mais rápido que eu!...
O Papá apareceu finalmente! Trazia uma daquelas batas de Hospital (azul ou verde... não me lembro). "É rapaz!". "Careca?", perguntei. "Ou é loirinho?". Pergunta estúpida, por sinal. Daquelas que se fazem quando não se sabe o que dizer. Quando a alegria é tanta, que o coração salta do peito, e os olhos arregalam até mais não. Quando nem sequer há lugar para fazer o luto dos laços no cabelo e das imaginárias brincadeiras de meninas. Quando brota de dentro um genuíno Amor daqueles que não precisa de ramos de flores nem alianças. Um Amor que nasce e fica por lá, de pedra e cal. Um Amor que faz as tuas dores maiores que as minhas, as tuas lágrimas mais salgadas, e os teus medos mais escuros. Um Amor que faz os teus sonhos sorrirem nos meus olhos, e os teus sucessos encherem-me a boca. Um Amor que é orgulhoso e impaciente, que exige e grita alto, mas também perdoa e abraça forte. Um Amor que resmunga quando não ligas, mas que liga de volta para não gastares dinheiro. Um Amor que reclama e que congratula, que sente a falta e que deseja o melhor. Um Amor que vai estar sempre aqui, que atravessa o oceano se for preciso, e que só te quer vêr feliz... Parabéns, maninho!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Grande, vazia e fria

A casa ficou grande de repente. Vazia. Enorme. Como um daqueles Palacetes de antigamente, mas sem criados nem louça fina. Grande e muda, com cheiro a solidão. Grande e áspera, indisposta, mal-encarada. Grande e desconfortável, como um par de sapatos por estrear. Grande e fria, em pleno Verão... Escura, estranha, sem música nem fogão. Silenciosa, triste, deserta e mal dormida. Irrequieta, distraida, mas sem alegria, nem roupa pelo chão.
Mas sobretudo, grande... vazia e fria. Sem ti. Pois não.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

"Lista", ponto (to be continued...)

- Ver o nascer do sol nos 5 continentes (falta América e África, se não me engano)
- Provar caracóis.
- Escrever uma carta a exigir que voltem a dar o Dartacão na TV (desta vez mesmo eu; não o meu pai!).
- Ver a Aurora Boreal.
- Visitar "Ancora Wat".
- Saber se há vida em outros planetas.
- Escrever um livro.
- Ter um filho (de preferencia XX), ou mais que um...
- Fazer depilação definitiva (e lipoaspiração... e tratamento antirugas...).
- Ver todos os programas do National Geographic, e do canal História.
- Ir a Nova Iorque no Inverno, e à Patagónia no verão.
- Fazer um safari em África, e subir aos Himalaias (não precisa de ser ao topo!).
- Voltar a fazer uma Missão Humanitária
- Voltar a Timor Leste...

Listas

Vi o filme ontem. Sim, é de 2007. Tinha curiosidade, mas nunca se tinha proporcionado. Faz pensar... E faz também ter vontade de fazer uma. Lista, pois então! Não gosto muito do nome anglosaxónico: "Bucket List". Vem de uma expressão semelhante ao nosso "esticar o pernil". Poderia então ser "Lista do Pernil", ou "Lista antes de esticar o pernil"?... Não me parece. Faz lembrar talhantes, charcutaria e afins. "Lista de sonhos"?... demasiado agridoce. "Lista de objectivos"?... demasiado "objectivo", racional, concreto. naah.
Para já, fico-me pela "Lista", ponto. Parece-me bem. Quem me conhece, sabe que adoro listas. De todos os tamanhos e feitios, desde as puramente domésticas (lista de supermercado) às mais secretas (Lista de calorias, e de momentos a dois...). Desde as profissionais (doentes e processos por vêr)às de manutenção de amizades (parabéns por dar e mails por responder). Listas de presentes de Natal e de recordações de férias por comprar. Uma das minhas favoritas é, sem dúvida, a famosa lista de "o que levar para férias". Habitualmente, emerge de uma folha A4 dobrada em...4, com (demasiada?) antecedência. O prazer equivale ao de comprar o bilhete de avião ou até mesmo o Lonely Planet! A antecipação é saboreada em cada sandália eleita para a viagem (qual Miss Mundo privilegiada). Em cada penso rápido tornado "airborne"; em cada mini-meia candidata a secar num chuveiro. No livro escolhido para os bancos de aeroporto. Nos casacos estrategicamente em casca de cebola, no omnipresente impermeavel ("nunca fiando", dizia a minha avó Mimi; "mas na Tailândia é verão, Vóvó!!!", ao que retorquia "nunca fiando", com o mesmo septicismo com que olhava o meu irmão adolescente falar de dinossauros, e a mim, anos mais tarde, quando lhe comuniquei que finalmente o Papa decidiu acabar com o limbo!)... Listas... e memórias. Ou talvez memórias de listas quase tão prazerosas como as próprias.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ideias más

Ideias más, negras, doentes. Ideias feias, que doem cá dentro... Ideias sem tino, nem lógica ou razão. ideias que vêm, pairam e vão... Ideias muito más, duram só um momento. Ideias ruins, más mesmo, sem tento. Ideias doidas, varridas de todo. Ideias sem jeito, sem fio, nem meada. Ideias que rolam pela cara e peito. Ideias só, mas que rasgam por dentro. Ideias más. É só isso. Ideias.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Dar e receber

O balanço é difícil. Entre o dar e o receber. Entre a partilha saudável, e o egoísmo necessário. Entre o ceder e o bater o pé. Entre o "escolhe tu" e o "à minha maneira" (sorrio...não consigo deixar de trautear a música dos Xutos!). Entre encomendar pizza, e teimar no peixe grelhado. Entre um episódio do "Dog: the bounty hunter" (nem queiram saber o que isso é!!!) e um "Medium". Entre as notícias da Fox e a BBC. Entre o Triumph e o Rabbit. Entre o "Iron Man 2" e o cinema europeu. Entre fazer a vontade e contrariar. Entre manteiga e azeite virgem. Entre mulher submissa e rebelde com mau feitio. Entre casa com jardim e apartamento na cidade. Entre visitar a Virginia e o Resto Do Mundo. Entre os EUA e Portugal.
...
Entre os teus... e os meus... SONHOS.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Aperta por dentro...

Aperta por dentro. Não sei se é no peito, estomâgo, ou "alma"...
Fecho os olhos no escuro. Faço força. Não. Não durmo. Choro.
Lava-me por dentro. As entranhas amargas ou doces, conforme a hora.
Os sonhos rosados,os dias de sol... e os monstros cavados na alma.
Parece o fim. Parece que nada. Nada de nada. Nada mesmo me vale.
Parece que sim, e outras que não.
Que o céu é o fim, e que eu sou capaz.
De voar e sonhar... mesmo acordada!
Outras não. São negras e cruas.
Molhadas, amargas, com sal...
Não há céu nem sonho, que me tire do fundo.
Deste fundo tão fundo, vazio e mau.
Aperta por dentro. Hoje mais, afinal.
Aperta com força e cá dentro.
Com saudades de Portugal!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Missa... em Vietnamita?

A indignação foi tanta que, quando cai em mim, já tinha enviado inúmeros e revoltados mails quer à Diocese Católica Romana de San Diego (na pessoa do responsável pela "diversidade cultural"), quer à Associação da Comunidade Portuguesa em San Diego.
Antes de passar aos factos geradores da revolta, deixem-me sublinhar 2 aspectos de crucial importância:
- San Diego e a costa sul da Califórnia foram "descobertos" por uma expedição de navios ao serviço dos Reis de Espanha, expedição essa comandada por um português de nome João Rodrigues Cabrillo (e não Juan Rodriguez Cabrillo, como muitos teimam em escrever e pronunciar!).
- Existe na cidade uma extensa comunidade portuguesa, composta sobretudo por descendentes de pescadores de atum, provenientes na sua maioria das Ilhas da Madeira e Açores. Esta comunidade é bastante activa, e organiza procissões e festas populares por ocasião de festividades da Terra Mãe.

Pois bem. Posto isto, qual é o meu espanto (e dolorosa indignação!), quando após uma cuidada pesquisa virtual me deparo com a cruel realidade: NÃO HÁ NENHUMA MISSA EM PORTUGUÊS EM SAN DIEGO!...
Ainda mal refeita do choque, levo com mais uma em cima: EXISTEM MISSAS EM ESPANHOL,
POLACO, CHECO, CHINÊS, LATIM, LINGUAGEM GESTUAL E AINDA... VIETNAMITA!
...
Sem comentários.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Também há coisas boas nos estates!

Também existem coisas boas em terras do Tio Sam. Sim, é verdade! não estou a ser irónica, nem vou desdizer a primeira afirmação no final do parágrafo (prometo!). As festas são bem mais práticas nesta zona do globo. Manda-se vir uma pizza, 2 grades de cerveja, umas latas de coca-cola, e está feito! Não há pratinhos com rissóis nem croquetes, empadão a sair do forno, ou sobremesas caseiras. É claro que tenho saudades dessas comidinhas todas, mas a verdade é que dá muito menos trabalho assim!
Vá lá... Tinha de haver algum benefício em viver deste lado do Atlântico!...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

EUA mimados?

As crianças mimadas também são assim. Não compreendem que os seus desejos não sejam satisfeitos de imediato, mal acabam de os pronunciar, alto e bom som. Hoje, as noticias ao pequeno almoço soaram um pouco assim... O jornalista dizia algo do género: "Como é possível que os aeroportos dos restantes países não estejam a seguir as recomendações de segurança recentemente reformuladas?" (após o incidente do dia de Natal). E eu pergunto, reformuladas por quem?... Será que eles acreditam mesmo que basta decidirem alguma coisa, estalarem os dedos, e Plim!... O resto do Mundo obedece?... O tom arrogante da noticia chocou-me. Mas talvez seja algo que não devo partilhar com os nativos...