terça-feira, 10 de agosto de 2010

Fazes-me mal

Fazes-me mal. Mesmo ao longe. Bem longe, por sinal. Como fazes? Como consegues? Não sei. Mas fazes-me mal. Como um mau-cheiro que atravessa paredes e entranha a casa. Fazes-me mal. O teu pessimismo é contagioso, e as tuas paranóias apertam-me a garganta e a alma. Fazes-me mal. A tua voz ecoa do outro lado do oceano, mas quase posso palpar a crítica, na minha orelha. Fazes-me mal. Despertas culpa e às vezes raiva. Turbilhão de emoções que se resumem a duas: Amor e Ódio. Sempre presentes desde que deixei de ver pelos teus olhos e pensar pela tua cabeça. Desde que caiste do pedestal e te tornaste humana, vulnerável, imperfeita. Desde que percebi que não consegues por-te no lugar do outro, que adivinhas más-intenções em tudo e mais alguma coisa, e que a culpa nunca (mas nunca mesmo)é tua. Desde que descobri o maléfico efeito da tua palavra favorita ("vergonha"), e do filtro negro com que vês a vida (tua e dos outros). Fazes-me mal. Não consigo evitar. Não consigo ignorar.
Fazes-me mal. E bem, também. Eu sei. Mas hoje, mais que ontem, fazes-me mal.

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